Este Tejo é, de facto, um rio abandonado pelos deuses dos rios. Está quase todo tapado, vedado, escondido, armazenado, por assim dizer, lá para o fundo da cidade. Fábricas, estaleiros, sei lá, tudo serve para que o não veja o lisboeta nem mesmo o turista - é bom não esquecer o turista, o sol e o céu azul não bastam para o atrair, é bom ajudar um pouco. E o Tejo... para o observarmos de perto temos de ir por aí fora para as bandas de Vila Franca, ou então desembocar da auto-estrada em Caxias, onde ele ainda não é mar mas também já não é rio.»
[parte inicial de uma das memoráveis crónicas de Maria Judite de Carvalho, imortalizadas no livro, "Este Tempo", datada de Junho de 1971]
Nota: Felizmente já neste novo século conseguimos resgatar o Tejo, voltámos a ter as suas margens libertas, para todos nós o pudermos usufruir...
(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)
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