sexta-feira, 20 de outubro de 2023

"Às vezes, ao fim da tarde..."


[...] «Às vezes, ao fim da tarde, descíamos a Avenida, depois a Baixa, íamos até ao rio. Nos dias de sol havia sempre junto da amurada crianças que olhavam deslumbradas para os barcos ou que corriam alegremente atrás das pombas.» [...]


[Maria Judite de Carvalho, in "tanta gente Mariana..."]


(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


terça-feira, 17 de outubro de 2023

"Cais de Lisboa"

                                 

                              Cais de Lisboa


Colunas de séculos passados
Onde o tempo não perdoa
São dois mastros apontados
Ao céu da Nossa Lisboa

Foste cais da realeza
Admirado, ainda és
Até a coroa inglesa
Ancorou a vossos pés

Nesses tempos da lonjura
Caravelas a partir
Homens bravos à procura
Dum mundo por descobrir

Gaivotas em movimento
No cais de tanta saudade
São como notas ao vento
Chilreando Liberdade

A nossa ponte imponente
De Abril só há gemidos
Mas o Tejo comovente
Amena os cravos esquecidos

Onde estão os cacilheiros
Que a câmara não captou?
Mais os velhos marinheiros
Que o pai Tejo adoptou?

Estas águas que nos levam
E nos corta a respiração
É o rio onde navegam
As mágoas que vão pró mar.

Luís Alves

(Fotografia de Luís Eme - Tejo)