sexta-feira, 31 de maio de 2019

Lisboa Revisitada...


Fernando Álvaro de Campos Pessoa revisitou Lisboa, com os olhos presos no Tejo:



Lisboa Revisitada

[...] 
Ó céu azul — o mesmo da minha infância —
Eterna verdade vazia e perfeita!
Ó macio Tejo ancestral e mudo,
Pequena verdade onde o céu se reflete!
Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje!
Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.
[...]


[Álvaro de Campos, in "Poemas"]


(Fotografia de Luís Eme - Tejo)

quinta-feira, 23 de maio de 2019

Cacilhas e o Tejo


Um poema de Clara Mestre, uma Amiga e Mulher especial. Uma das muitas lisboetas que vieram para a Margem Sul, para ficar...


Cacilhas e o Tejo
  
Cacilhas tem muitas histórias famosas
Espalhadas pelas ondas murmurantes
E meigas confidências amorosas
Que ela ouve, em suspiros sussurrantes.
Rio lindo, de intensa aguarela.
A ponte sobressai sobre este quase mar
Cada onda tem pincelada singela
No céu rosado, o Sol o vem beijar…



[Clara Mestre]


(Fotografia de Luís Eme - Tejo)


sábado, 18 de maio de 2019

Sentado a Olhar os Cacilheiros...



«[...] Quando chegou a casa eram quase sete horas. Tinha-se demorado um bom bocado no Terreiro do Paço, sentado num banco, a olhar os cacilheiros que iam para a outra margem do Tejo. Estava um belo fim de tarde, e Pereira quis ficar a gozá-lo. Acendeu um charuto e aspirou o fumo avidamente. Estava sentado num banco em frente ao rio e junto dele veio sentar-se um mendigo com um acordeão que começou a tocar velhas canções de Coimbra. [...]»


[Antonio Tabucchi in "Afirma Pereira"]


(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

sábado, 11 de maio de 2019

Não, Tejo... Sou eu...



[...]
Não, Tejo,
Não és tu que em mim te vês.
- Sou eu que em ti me vejo!
Tejo desta canção, que o teu correr
Não seja o meu pretexto de saudade.
Saudades tenho sim, mas de perder,
Sem as poder deter,
As águas vivas da realidade!

Não, Tejo,
Não és tu que em mim te vês.
- Sou eu que em ti me vejo!


[Alexandre O’Neill]

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

sábado, 4 de maio de 2019

O Farol (de Cacilhas)



O Farol


O velho Farol de Cacilhas
vive quase adormecido
e só ganha importância
quando está mau tempo no canal.
A sua luz é uma constância
que tenta furar o nevoeiro
de mão dada com a “ronca”
que chega ao meio do Tejo
e é música para os ouvidos
do povo e dos marinheiros,
que se sentem perdidos
no meio do nevoeiro frio,
desejosos de desembarcar
e virar as costas ao rio,
que nestes dias
é um quase um mar…


[Luís Alves Milheiro, in "Palavras ao Tejo]


(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)