O poeta Eugénio de Andrade também se encantou com o Tejo...
Outra Vez o Tejo
Um barco atravessa o
Tejo.
Vem da infância, não sei
para onde vai.
É branco, dessa brancura
só dada
às aves. O rio,
que não via há tanto
tempo,
entra agora pelas ruas
de Lisboa
ao encontro da tão amada
luz dos jacarandás.
Volto a ter oito anos
neste jardim,
vou perder-me nestas
ruas,
nestas calçadas, onde o
grito
das gaivotas sobe a
prumo,
vou correr com o vento
de esquina
em esquina, subir
com as árvores, ser
com elas poeira fina.
[Eugénio de Andrade]