Olhar (e Amar) o Tejo...
(palavras e imagens do rio da minha aldeia, que por um mero acaso, também é o melhor rio do mundo...)
sexta-feira, 15 de novembro de 2024
"Pombalesca"
sexta-feira, 25 de outubro de 2024
"Não sentes o cheiro a maresia?"
«Não sentes o cheiro a maresia? O Tejo, pois minha flor, cantado por poetas e
vagabundos, marginais e aventureiros, que, afinal, são uma e a mesma pessoa.
Milagres? Só o santo, querida! O Sant ‘Antoninho que também protegia os
namorados, repara como ele está bonito e bem humano, nesse altar ingénuo.»
[Eduardo
Guerra Carneiro, “Sete”, 20 Jun 79]
(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)
domingo, 20 de outubro de 2024
"Convém não esquecer o brilho do Tejo..."
[Eduardo Guerra Carneiro, “Sete”, 20 Jun 79]
segunda-feira, 30 de setembro de 2024
"Os Montes Claros"...
[José Rodrigues dos Santos, in "Um Milionário em Lisboa"]
(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)
quarta-feira, 25 de setembro de 2024
"A larga bacia resplandecente do Tejo"
[José Rodrigues dos Santos, in "Um Milionário em Lisboa"]
(Fotografia de Luís Eme - Tejo)
sábado, 10 de agosto de 2024
"O ar, a cor, a luz..."
[José Sarmento de Matos, in "E (Expresso)", 6 de Maio de 2017]
(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)
domingo, 28 de julho de 2024
"O Tejo quando ainda tinha fragatas..."
«O Tejo quando ainda tinha fragatas a
passearem-se pelas águas e voavam golfinhos a caminho da Barra.
O José Quitério a falar dos prazeres de
uma caldeirada, à fragateiro, na “Floresta do Ginjal”, com fragatas a
entrarem-lhe pelos olhos dentro.
O grito das gaivotas, o vai-vem dos
cacilheiros, um estado de espírito ondulado.
Esta fotografia deslavada foi tirada
com um caixote-kodak, a minha primeira máquina fotográfica, prenda, pelos
meus 15 anos, do António Colaço.
Memórias doces e afáveis.»
[Sammy, in “Cais do Olhar”]
(Fotografia e texto publicados no blogue "Cais do Olhar", a 11 de Janeiro de 2011)
sexta-feira, 26 de julho de 2024
"Era bom que trocássemos umas ideias sobre o assunto"
«Vitorino emagreceu, o bigode foi-se-lhe
tornando todo branco. Um belo dia, juntou-se com Vera Quitério, no velho
apartamento das Avenidas, e passou também a dizer "era bom que trocássemos umas
ideias sobre o assunto".
Uma ocasião, Jorge Matos encontrou-o e
dirigiu-lhe pela quinquagésima vez a pergunta que todos os comunistas de todo o
Mundo já se fizeram, no íntimo, pelo menos quatrocentas vezes: "que significa
ser comunista, hoje?". Vitorino recolheu-se, sisudo, durante um momento
brevíssimo. Depois, abriu um sorriso jovial, de orelha a orelha, e deu-lhe uma
palmada sonora nas costas: "É pá, tem calma, pá!", disse.
E o Tejo continuou a correr, e os tempos a
não haver meio de os parar.»
[Mário de Carvalho in "Era bom que trocássemos umas ideias sobre o assunto"]
(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)
domingo, 30 de junho de 2024
"No Fundo do Tejo"
No Fundo do Tejo
Fecho os olhos e vejo
No fundo Tejo
Uma coisa que oscila ao sabor da corrente
Que vai e vem, que deambula rente
Às pedras e conchas macias e frias.
Dias e noites, noites e dias.
Uma coisa que as águas desfazem sem nojo,
Levando-a de rojo
No fundo do Tejo:
Uma coisa que eu vejo,
Uma coisa que eu sinto e não sei o que é,
- Tão longe de mim, tão fora de pé!
[...]
Uma coisa que anda de cá para lá,
De lá para cá,
No fundo do Tejo:
Sem rumo, sem dono, sem nome, sem graça.
- Inútil e triste, como a carcaça
De um caranguejo.
Uma coisa disforme, insensível, alheia.
- Mas que escreve, sem querer, o nome meu na areia!
[Carlos Queirós, in "Desaparecido"]
(Fotografia de Luís Eme - Tejo)
sexta-feira, 28 de junho de 2024
"A Água-Furtada"
A Água-Furtada
«Mas a vista era o melhor do quarto. Daquela água furtada seguia-se o Tejo por aí acima, desde o mar até perder-se à esquerda. Em redor as casas ficavam devassadas por aquela janela de telhado e as traseiras dos prédios com a actividade das criadas davam ao Antunes a impressão de entrar no segredo dos andares. Uma por uma, cada janela por onde os seus olhos entravam sabiam-lhe a ninho.
A cama de ferro, a mesa de pinho, a cómoda indigente, o lavatório inventado e o espelho da lata justo para a cara... não havia mais remédio do que ir recompensar-se no panorama.
Do seu novo quarto. Lisboa parecia ao Antunes uma cidade desconhecida com as traseiras de fora. Interiormente, parecia-lhe que a sua vida acabava de bem merecer aquele franciscanismo. Mas o verdadeiro merecimento deste novo quarto para o Antunes consistia em que tudo o que a ele tinha acontecido até esta água-furtada era para rasgar. Só depois de bem rasgado tudo o que de até este quarto é que Antunes poderia então começar a pensar na maneira de arranjar para si uma nova alma mais competente.»
[Almada Negreiros, in "Nome de Guerra"]
(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)