sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

A Impressão de se Morar num Romance...


António Lobo Antunes na sua estreia literária, com a "Memória do Elefante", foca Lisboa e o Tejo de uma forma peculiar:

«[...] Na noite de Lisboa tem-se a impressão de se morar num romance de Eugene Sue com página para o Tejo, em que a rua Barão de Sabrosa é a fitinha desbotada de marcar o lugar de leitura, apesar de os telhados onde florescem plantações de antenas de televisão idênticas a arbustos de Miró. [...]»


(Fotografia de Luís Eme - Olho de Boi)

domingo, 19 de janeiro de 2020

"E todos os azuis me lembram as águas de um rio..."


«[...] E todos os azuis me lembram as águas de um rio que, em Lisboa, nem chega a ser rio porque, como dizia a minha querida Amália; "dali a bocadinho já é mar".
De tantos rios onde o meu olhar navegou, nenhum tem esta coisa de ser quase mar, e não é pela proximidade da foz ou pela sua imensa largura, é que ele tem mesmo uma atitude de mar. Por isso o Fado se apropriou tantas vezes da sua personalidade marinha para falar dos naufrágios mais violentos que um coração pode suportar. [...]»


Pequeno excerto da crónica "Manhãs de Insónia" (com o título "Por tua Causa") de Tiago Torres da Silva, publicada no "Jornal de Letras" a 20 de Dezembro de 2006.


(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

"Amo-te Lisboa Virada ao Tejo"


Amores de e por Lisboa... de Rogério Martins Simões:


Amo-te Lisboa Virada ao Tejo

  
Dizem que um dia alguém cantou…
Que por amores Lisboa se perdeu!
Por amores se perde quem lá voltou.
De amores se perde quem lá nasceu.

Dizem que um dia alguém contou.
Que uma moira cativa no Tejo desceu.
Por amores, Lisboa, a moura libertou,
De amores, por Lisboa, a moira morreu.

Juntaram-se os telhados enfeitiçados,
Apertadinhos os dois e entrelaçados,
Num fado castiço, numa rua de Alfama.

E o Tejo, que é velho, beija a Cidade:
Morre-se de amor em qualquer idade,
Perde-se por Lisboa, quem muito ama!



(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)