A primeira vez que olhei o Tejo, era tão pequeno que tenho a sensação que nem sequer conhecia o medo. Foi tudo quase natural, rente ao Cais das Colunas.
Foi também a primeira vez que atravessei o rio para a Outra Banda (para visitarmos o Cristo-Rei...). Tenho uma ligeira lembrança das janelas e dos bancos de madeira, envernizados, e também da "estrada" que a proa do cacilheiro deixava no Rio.
Atravessar o rio ao colo do meu pai, com os olhos presos à janela, deve ter ajudado a sentir-me seguro. Não me lembro, mas devo ter-me cruzado com uma ou outra fragata, com as velas ao vento, mais para o meio do rio, como era normal nesses já longínquos anos sessenta...
[Luís Alves Milheiro]
(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)