quinta-feira, 31 de agosto de 2023

"Quinta da Alegria"


«No início do Verão de 1987 vim viver para Cacilhas - devo esclarecer desde já algumas mentes perversas, que atravessei o rio Tejo de cacilheiro, e que não caí de para-quedas como insinuam - livre e solto de qualquer raiz familiar. Como não encontro nenhuma razão especial para explicar o porquê desta opção, quase que me apetece dizer que vim morar para Almada porque sim.

Claro que a possibilidade de reencontrar o Tejo pesou muito nesta escolha. Nunca esqueci a janela da marquise da casa do Zé e da Elisete, na Cruz Quebrada, onde assisti muitas vezes ao último mergulho do Sol nas águas do Atlântico, e à transformação do Rio num imenso Oceano...»

[Luís Alves Milheiro, in "Geografias da Margem Sul"]


(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


sábado, 19 de agosto de 2023

O Recorte do Tejo...


«Subimos ao piso superior para ver as quatro máquinas desenhadas e construídas nas oficinas do fabricante inglês E. Windsor e Filhos, que representava a melhor engenharia de então. Funcionaram até 1928. Atravessamos a sala de soalho de madeira, olhando o recorte do Tejo que preenche a grande janela virada a sul, oferendo a sua visão de espelho de água, neste dia de luz clara. Depois desse longínquo dia de inauguração da Estação dos Barbadinhos e de muitos acrescentos e melhorias no sistema de distribuição, foram precisas mais de sete décadas para a água do Tejo entrar finalmente na urbe.»

[Ana Soromenho, "Expresso", 18 de Agosto de 2023]


(Fotografia de Luis Eme - Lisboa)