domingo, 16 de agosto de 2020

O Regresso das "Corridas" no Tejo...


«O Tejo está a voltar a ter algum movimento.

Já se vêem alguns veleiros cheios de turistas, que passeiam entre o estuário e a foz.

Sei que ainda faltam os "gigantes dos mares", a quem também chamam "cidades marinhas", mas não vejo ninguém a "chorar" de saudades, o que até é bom sinal... Se são verdadeiros os números sobre a poluição que deixam atrás de si, o "Melhor Rio do Mundo"  agradece a ausência.»

[Luís Alves Milheiro]


(Fotografia de Luís Eme - Tejo)

sábado, 1 de agosto de 2020

"A Marca"...


O livro de contos "Nasci com Passaporte de Turista", de Alves Redol, como não podia deixar de ser, visita o Tejo, mais escondido e amargo, que ele conheceu tão bem, rente à sua Vila Franca de Xira e a outras terras próximas. 

Do conto "A Marca" retirámos estas palavras:

[...] «O outro ficou deitado, bagas de suor frio a perlá-lo, crispações de dor a percorrê-lo. E as mulheres voltaram a atirar-lhe lama, ferindo-lhe a camisa de pontos negros que alastravam.
O Ti Rendeiro tremente de ira, como sacudido por um frio de sezões, estava entre  os dois guardas que o agarravam, cabeça erguida, olhar parado no Tejo, fixando-lhe o ondular manso.
Nascera a ouvir-lhe o canto brando nos cascos frágeis das bateiras e nos arcaboiços rijos das fragatas. Crescera a namorar-lhe a safira do dorso e a mirar as velas que o percorriam de lés a lés, num vaivém constante.
Brincara junto dele, conhecera-lhe a voz - aprendera-lhe os segredos. Em noites de luar vinha estender-se-lhe nas margens, sentindo-o tocar-lhe os pés numa carícia de noiva rendida pelos desejos.» [...]


(Fotografia de Luís Eme - Trafaria)