quinta-feira, 28 de março de 2019

O gozo de quem "lava os olhos naquelas águas"...


Eis a satisfação (ou o gozo, para sermos mais precisos...) de António Alçada Baptista, 

[...]
«Aqui na Bica tenho o Tejo à janela e o elevador à porta. Ter uma janela com o Tejo à frente é um gozo porque a gente, logo pela manhã, lava o olhar naquelas águas e vê passar os cacilheiros.»
[...]

[António Alçada Baptista, in "O Mistério de Lisboa"]

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

sábado, 23 de março de 2019

"Dia de Sol"



Um pedaço do "Dia de Sol" de Fernanda de Castro...

[...]
Dia de sol! Manhã de sol! Hora de sol!
Dorme o Tejo debaixo dum lençol
De espinhaços, de folhas e de lascas.
"Oh, leva as folhas, leva as cascas!"

No cais, por entre os barcos,
a chapinhar nos charcos
andam garotos a molhar os pés.
[...]

[Fernanda de Castro, in "Cidade em Flor"]


(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)

sexta-feira, 15 de março de 2019

O "Limoeiro" de Carlos Pinhão


Carlos Pinhão foi um grande jornalista e escritor. A Lisboa onde nasceu e viveu, foi uma das suas paixões, como se pode comprovar através da leitura de alguns dos seus livros, como o seu "Fantasia Lispoeta", com poemas sobre vários lugares da Capital, ilustrados por Duarte Saraiva.

Escolhemos o poema "Limoeiro" pelo seu simbolismo, pois evoca a Cadeia do Limoeiro, que funcionou como estabelecimento prisional durante séculos (foi encerrada pouco tempo depois do 25 de Abril de 1974...), entre Alfama e o Castelo, e onde hoje se encontra o Centro de Estudos Judiciários.

Limoeiro

Uma linda vista
para o Tejo
- os telhados
os barquinhos
só é pena que se veja
tudo aos quadradinhos.

[Carlos Pinhão, in "Fantasia Lispoeta"]


(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

domingo, 10 de março de 2019

"Um Homem na Cidade"


José Carlos Ary dos Santos foi (e é...) um grande poeta de Lisboa e do Tejo.

Escreveu algumas das nossas mais bonitas canções e fados, cantados especialmente por Carlos do Carmo, Fernando Tordo, Tonicha e Simone de Oliveira.

Um Homem na Cidade, é um deles, do qual deixo aqui três  estrofes:

[...]
Vou pela rua
desta lua
que no meu Tejo acende o cio
vou por Lisboa maré nua
que se desagua no Rossio.

Eu sou um homem na cidade
que manhã cedo acorda e canta
e por amor à liberdade
com a cidade se levanta.

Vou pela estrada
deslumbrada
da lua cheia de Lisboa
até que a lua apaixonada
cresça na vela da canoa.
[...]


(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

terça-feira, 5 de março de 2019

O Tejo, ao Anoitecer...



Cesário Verde, é um poeta de Lisboa. De toda a Lisboa, também da ribeirinha...


Nas nossa ruas, ao anoitecer,
Há tal soturnidade, há tal melancolia,
Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia
Despertam-me um desejo absurdo de sofrer.
[...]


[Cesário Verde, poema "Avé-Maria" de O Sentimento de um Ocidental"]

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

sexta-feira, 1 de março de 2019

«É a esta cidade, que eu volto sempre...»


«[...] Em resumo, cresci e espalhei os passos pelas ruas dos bairros próximos que acabei por conhecer a palmos: a Graça, a Senhora do Monte, a Penha de França, as redondezas do Liceu Gil Vicente, a Feira da Ladra, a Alfama, o Cais, o Tejo, os miradouros, "os jardins da Celeste, giroflé-giroflé", as "terras" onde os púrrias se batiam à pedrada com denoto fascista. [...]»

«[...] É a esta cidade que eu volto sempre, quando quero encher os olhos de Lisboa. [...]»

[José Gomes Ferreira, in "Gaveta de Nuvens"]

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)