«[...] Enquanto esperava, calmamente, pelo
cacilheiro, ficou com a sensação que aquele largo que, fora nos anos oitenta o
maior centro de circulação de pessoas e transportes da Europa, estava cada vez
mais calmo. Tudo graças ao comboio da ponte...
Uns metros mais à frente descobriu uma
cara conhecida, Pedro Sempre, outro herói das suas crónicas mundanas.
Pedro era um velho contador de histórias
que passava parte dos seus dias fundeado num banco de madeira, assistindo ao
cair da tarde rente ao seu Tejo.
Quem quisesse ouvir qualquer aventura do
mundo só precisava de se sentar e escutar com atenção, a sua voz pausada, o
melhor bilhete para uma mão cheia de viagens, extraordinárias, pelo Ocidente e
Oriente, que se tentavam aproximar das de Fernão Mendes Pinto.
À medida que falava, o velho fazia festas
ao Banzé, o seu companheiro de sempre, um cão escanzelado que lhe aquecia os
pés e a alma, escondendo com o seu pelo deslavado, os buracos dos sapatos
gastos, com ar de quem já dera mais que uma volta ao mundo [...]»
[Parte do conto "Sonhos Cor de
Água", in "Um Café com Sabor Diferente", de Luís Alves
Milheiro]
(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)
Uma foto muito bonita e um texto que me soube a pouco.
ResponderEliminarPeço desculpa pela ausência, mas os olhos têm-me afastado do computador.
Abraço e saúde
Grato pelas palavras, Elvira.
EliminarAs melhoras.
abraço