O rio dá cabo de mim.
Recolho pedras, pedrinhas,
à beira,
onde o cais soçobra.
Nos olhos, pedras, blocos mágicos
limosos, submersos;
pedrinhas, na algibeira, quantas posso
e tenho
com elas tolas teimosias
entre os dedos
curiosos de tudo.
Todas não recolho.
Escolho-as uma a uma.
Atiro algumas ao voo das ondas
e pasmo de ver a cidade
carregar de luzes um navio
que procura o mar.
São luzes enigmáticas, difusas;
outras, fulgurantes,
as que salpicam, o mundo das águas,
o que vou pensar.
O rio dá cabo de mim.
Vejo-o molhar o casco do navio.
[Rui Cinatti, in "Tempo da Cidade"]
(Fotografia de Luís Eme - Tejo)
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