O silêncio que me habita vive
numa casa-castelo habitada
por crianças sem olhos, dementes
sempre sempre abandonadas.
Um rio nos separa delas, tanto...
Um rio fundo, feroz, intratável.
Passar o rio custa muito...
ou não custa - raios! - nada mesmo.
Abrir as portas do castelo-casa,
sentir crianças cegas, destroçadas,
esse o problema
que me persegue...
Resisto por mais que custe...
Paro perante fachadas.
Pairo no rio e cresço...
temente sempre que uma das portas se abra.
[Rui Cinatti, in "Tempo da Cidade"]
Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)
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