Miradouro
Frágeis, acenam alvos lenços d'asas
as gaivotas que a brisa mansa, embala.
O rio azula, emoldurado em casas.
- Que lindo quadro para pôr na sala!
No lírico perfil fogem veleiros,
onde embarquei uns restos de ansiedade;
e no cais, os guindastes e os cargueiros
são prática e viril realidade.
É mentira, talvez,
assinar com o meu nome esta poesia;
o Tejo foi quem na fez...
Cheira a limos, a sal, a maresia.
António Manuel Couto Viana
["Lisboa com os seus Poetas - Colectânea de Poesia sobre Lisboa"]
(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)
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