Sobe do Mar da Palha um som distante.
Talvez um barco que de longe, espera um rebocador na barra.
Sobe até aos meus ouvidos o ruído da água na pedra.
Repetição do movimento inicial do degelo
quando todos os rios começaram no leito da ternura.
É este o cais das grandes despedidas sempre adiadas.
Por aqui passou há muitos anos o receio
do aviso da mobilização
Mobilizado estava mas só para as pequenas guerras diárias
do sofrimento interior - resmungou a meia voz.
Ainda hoje não sabe se deve dizer barco ou navio.
[José do Carmo Francisco, in "De Súbito"]
(Fotografia de Luís Eme - Tejo)
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