O facto de ter nascido e crescido na Bica, quase com o Tejo no final da rua, fez com que se deliciasse desde muito cedo com as mil e uma tonalidades que o Rio lhe oferecia, espelhando um céu, quase sempre azul...
Depois do casamento foi viver para as Avenidas Novas mas nunca deixou a Velha Lisboa, que amou e cantou com a cumplicidade dos nossos melhores poetas.
Deixamos aqui três testemunhos do seu amor pela Cidade e pelo Rio:
«Eu tenho um olhar muito romântico sobre a cidade, e os
olhares românticos são incuráveis, completamente incurável. E as mazelas e os
seus defeitos, não é que os esconda, não lhes dou importância que provoquem
infelicidade, sabe? Lisboa tem coisas tão boas, que eu deixo que no campeonato
ela fique esses pontos todos à frente das coisas que estão mal feitas.»
«Lisboa é uma cidade sui generis. Há que ter apreço pelo trabalho de quem foi pondo a população virada para o rio, porque vivemos anos nesta coisa sombria, de costas para o Tejo. Isto deu luz à cidade. E o português é acolhedor, sem ser servil. Deixe-me circunscrever à minha cidade, sendo eu bairrista. Mas Lisboa tem uma luz imbatível. As pessoas ficam desvairadas. Os miradouros, os bairros antigos que são o pulsar de uma história de quase 900 anos. E tem uma autenticidade…»
«Durante muitos anos o Tejo foi-nos vedado. Hoje há casais a passear com as crianças à beira-rio. De cada vez que vou a uma esplanada junto ao Tejo penso que sou um privilegiado por viver numa cidade com este rio e com esta luz.»
Nota: Frases retiradas de entrevistas publicadas do Diário de Notícias de 9 de Setembro de 2016; Notícias Magazine” de 23 de Julho de 2014 e “Tabú (Sol)” de 4 de Outubro de 2008.
(Fotografia de Luís Eme - Tejo e Lisboa)
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