terça-feira, 26 de novembro de 2019

“Isto é Constantinopla. Não há nada mais parecido”


Tenho deixado um pouco ao abandono este "Olha o Tejo". Mas hoje, durante o meu trabalho de pesquisa, "tropecei" numa frase que diz muito de Lisboa, de José Sarmento de Matos, historiador de Arte (entrevista à revista "E", de 6 de Maio de 2017).

«O ar, a cor, a luz... A maneira como a cidade se foi adaptando à orografia, tornando-se barroca no sentido das perspetivas inesperadas. Vai-se na Rua da Escola Politécnica, olha-se para a esquerda e tem-se o Tejo lá em baixo. É também barroca no sentido da surpresa, é feita de pequenos recantos onde tudo se encaixa. Isto é das coisas que mais me encanta. E a luz, claro, que tem a ver com a sorte de apanhar o vento norte que limpa tudo e fica só a reflexão da bacia do mar da Palha. Neste aspecto, Lisboa tem uma condição única. Tem o mar à frente. Só é comparável a Istambul. O Calouste Gulbenkian saía do Hotel Avis, ia para o alto de Monsanto, sentava-se numa cadeirinha, ficava ali a olhar para o Tejo e dizia: “Isto é Constantinopla. Não há nada mais parecido”.»
                                              
(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

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