sábado, 30 de novembro de 2024

Balada dos telhados de Lisboa

 


Balada dos telhados de Lisboa
 
Telhados da minha cidade
Com as gaivotas a gritar
Avisos de tempestade
Lá para dentro do mar.
Que o mar à nossa frente
É mais a figura de estilo
Mar da palha e da gente
Só no Verão está tranquilo.
Rompe defesas no Inverno
Traz a palha dos animais
Para o estuário moderno
Que vive de outros sinais.
Que vive de outras medidas
Sem fragatas nem faluas
As pontes de ferro erguidas
Enchem de carros as ruas.
E digo adeus aos telhados
Da cidade debruçada
Sobre vapores lembrados
Numa memória de nada.
 
José do Carmo Francisco 


(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

sexta-feira, 15 de novembro de 2024

"Pombalesca"


"Pombalesca"

Os pombos sabem História...
Guardam na memória
Quem refez Lisboa.
Em cada cornija, em cada beiral,
Tagarelando p' las ruas à toa,
Cada pombo, que a sobrevoa, 
Sabe que Lisboa
É um pombal!

Um pombinho, que no Rossio
Anda com outros a desafio,
Petiscando migalhas
Que lhe atira uma menina,
Sabe que, do Rio até às muralhas, 
Lisboa, cidade genuína,
Com seus beirais e cimalhas,
Ficou pombalina!...

[Rui Palma Carlos, in "Lisboética e outros poemas"]

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)